Histórias Incríveis - Luiz Thadeu

Hoje eu vou contar um pouco sobre o Luiz Thadeu.
Um maranhense, engenheiro agrônomo ou um engenheiro agrônomo, maranhense? Não importa. Depois de um grave acidente de automóvel em 2003 e quatro anos de cama, ele hoje viaja o mundo com o auxílio e companhia das suas muletas. Esta é uma incrível história de superação.

Luiz, você pode dar uma entrevista para o blog?
Claro. No momento estou em Windhoek, capital da Namíbia, numa correria danada, dois dias em cada país da África.  Fica de olho que esta semana eu vou aparecer no programa da Ana Maria Braga. O que você quer saber?





Eu já li em outras reportagens que você continua trabalhando, mas tem um emprego flexível, assim consegue realizar suas viagens. Por que você resolveu viajar pelo mundo logo depois do acidente? 



Esta é a primeira pergunta que a maioria das pessoas me faz. Sofri um acidente de carro em julho de 2003, onde quase morri. Fiquei preso às ferragens de um carro que colidiu com um caminhão. Já era fim de tarde, chovia, o motorista perdeu a direção e, ao ver que iria bater, jogou o carro para o meu lado. Tive fratura exposta de fêmur, mas não sabia da gravidade do ocorrido quando voltei a consciência, todo ensanguentado e imobilizado no assoalho de uma camionete. Passei quatro anos em leitos de diferentes hospitais, em Natal, São Luís, onde moro, e São Paulo, entrei quarenta e três vezes ao centro cirúrgico, e usei por duas vezes o fixador, aquele aparelho medieval na perna esquerda. Tinha acabado de tirar os aparelhos da perna, meu filho Frederico, que estudava inglês em Dublin, me perguntou se eu queria ir encontrar com ele. Ainda estava me adaptando às muletas e inseguro, ele insistiu e eu fui, com meu outro filho, Rodrigo. Nesta viagem, visitamos oito países da Europa. E foi assim que tudo começou.

Quantos países você já visitou? 
Estou na África, e desembarquei na Namíbia, o 105º país visitado. A meta inicial São 120 países.

Que aprendizado as viagens te trouxeram? 

Muitas. Destaco que somos iguais em qualquer lugar do mundo, aprendi a ver nossas semelhanças e aprender com nossas diferenças. Costumo dizer que não sou turista, e sim, viajante, e que não existe distância no planeta Terra que eu não consiga chegar. Quem faz o mundo girar ou travar somos nós, eu, você, um malaico, vietnamita, indiano, americano, e que a Terra é nossa casa. Não vejo o mundo com barreiras territoriais, vejo o mundo como um todo, conectado. Estou viajando sozinho, com minhas limitações, de mobilidade, da língua, do bolso, pois aprendi a usar as ferramentas certas. Os aplicativos dos celulares, os cartões de crédito. Há, alguns anos, seria impensável alguém fazer o quê estou fazendo agora. 


Dos países por onde você já passou, qual o mais e o menos acessível? 
Os mais acessíveis são os desenvolvidos, ditos de primeiro mundo, mas o mais fantástico foi o Japão. Presenciei uma cena inacreditável andando pela ruas de Tóquio, onde tinha uma construção de um prédio que vinha até a calçada, fizeram um desvio com um guarda com apito e lanterna na mão, sinalizando quem poderia passar para cada lado. Eles pensam em tudo. Os menos foram Egito e Índia, onde a estrutura ainda é caótica para pessoas com mobilidade. Moro em São Luís do Maranhão, que não fica devendo nada à Índia e ao Egito. O Brasil ainda é sofrível. Temos uma ótima legislação, mas na prática, no dia a dia, a coisa é outra.


Que mensagem você pretende passar? 
Primeira, viver é uma dádiva. Tenho como slogan de vida: "Terra, aproveite enquanto está em cima dela". A Terra é um marco divisor de tudo. Sempre vejo as coisas pelo lado positivo. Eu convivo com dor, pois minha perna esquerda não tem joelho, se ando muito, com minhas muletas, dói. Se fico longo tempo em uma só posição, dói mais ainda. Como tomei uma carga muito forte de medicamentos, que me trouxeram efeitos colaterais, optei por não tomar remédios para dores. Quando elas aparecem, tenho que sentar, relaxar e meditar. Acalmo a mente e ela desaparece. Portanto, ter problemas na vida é inevitável, deixar-se abater por eles, é opcional. Fazer o quê se gosta é a melhor maneira de viver. A minha e a sua, Olívia, é viajar. Boas, muitas e maravilhosas viagens para nós. Saúde, sucesso, sorrisos, sonhos, sorte para nós, beijos.

Acompanhe o Luiz Thadeu pelo seu perfil no Facebook.






Nenhum comentário